Aparentava ter não mais que quarenta anos. As mãos calejadas
denunciavam a vida dura de quem vive do que a terra dá.
Ainda de cabeça baixa me chamou pelo nome e pediu um favor.
- Desculpa! Disse
desconfiado como se tivesse feito algo de errado.
- Pode me fazer um favor? Perguntou com ar de desconfiança.
-Sim amigo! Em que posso ajudar? Respondi.
O homem puxou um papel do bolso da velha calça desbotada.
- É que não sei ler. Revelou-me como se tivesse confessando
um crime horrível.
Peguei o papel. Li em voz baixa. Depois levantei a vista e
vi que estava ansioso.
Estendi a mão para lhe entregar o papel e disse:
Estendi a mão para lhe entregar o papel e disse:
- A conta vence hoje. Você pode pagar na lotérica aí dentro
do mercado.
- Obrigado! Agradeceu com postura de inferioridade.
Antes de voltar para o mercado e entrar na fila da lotérica,
o homem fez questão de justificar sua condição.
- Sou filho de seringueiro. Moro na colocação Xapuri no
Seringal Icuriã. Meu pai não me deixou estudar porque eu tinha que cortar
seringa pra sustentar a família.
Já caminhando em direção à fila do caixa, o homem me chamou
a atenção e disse orgulhoso:
- Meus cinco meninos estão todos na escola.
(Jerry Correia).
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