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Professora Edilea. |
Paraguaçu já havia ganhado o título de vila. A escola Simon Bolívar oferecia estudo até a 3ª série primária. Tudo funcionava em torno do barracão, erguido em frente ao marco divisório da fronteira entre Brasil e Bolívia, fixado no local pelo Marechal Cândido Rondon em 1929.
João Furtuoso de Melo era dono de uma pequena taberna em sociedade com o senhor Vicente Bessa. Este último também era comprador de borracha e tempos depois veio a ser o primeiro prefeito de Assis Brasil, cidade que nasceu do Seringal Paraguaçu.
Casado com Maria Melo de Araújo, João Furtuoso gerou seis filhos, sendo três mulheres e três homens. A primeira das três meninas foi batizada com o nome de Edilea Furtuoso dos Santos. Ela nasceu no dia 13 de junho de 1950, exatamente na Praia do Cigano, próximo à sede do Seringal Paraguaçu.
Ainda com três filhas pequenas para criar, dona Maria Melo foi abandonada por João Furtuoso. Passou a morar em uma pequena casinha de palha e enfrentar dificuldades para sustentar a família. Tempos depois, casou-se com João Rodrigues de Araújo que era o guarda livro do barracão.
Dona Maria conseguiu uma vaga para sua filha Edilea estudar na escola Simon Bolívar. Suas professoras foram Astrogilda Bonfim Bezerra e Tereza Cristina, com as quais conseguiu ser alfabetizada e concluir a 3ª série primária.
O tempo passou e Edilea, agora com 16 anos, casou-se com o seringueiro Arnóbio Gadelha Filho. O jovem casal teve que ir morar em um seringal arrendado pelo pai de Arnóbio, localizado próximo à cidade de Ibéria, no Peru. Ali tiveram três filhas, mas perderam a primogênita que faleceu logo após o parto.
Depois de sete anos morando em terras estrangeiras, a família retornou ao Brasil e conseguiu comprar uma pequena propriedade rural no município de Brasiléia. Naquela comunidade, Edilea foi convidada a lecionar nas primeiras séries do ensino fundamental, tornando-se a primeira professora da escola rural Ernesto de Abreu. No primeiro ano como professora não recebeu nenhum mês de salário. Mesmo assim, permaneceu por sete anos trabalhando naquela localidade. Durante esse tempo, Edilea ia para a cidade no período das férias e assim conseguiu concluir o Segundo Grau Magistério.
Em 1979 a família passou a morar na zona urbana do município de Brasiléia, ocasião em que o casal foi agraciado com o nascimento da filha caçula. A professora Edilea foi convidada a trabalhar na escola IOP onde foi destaque na alfabetização de crianças. Logo o bom trabalho lhe rendeu um contrato como professora efetiva do Estado do Acre.
No ano de 1985, Edilea, seu esposo e suas filhas decidiram retornar ao município de Assis Brasil. Na cidade foi ministrar aulas na escola estadual Íris Célia Cabenellas Zannini. Também foi professora na escola Simon Bolívar onde alfabetizou centenas de crianças.
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Turma de alunos da escola Íris Célia. |
Durante oito anos exerceu o cargo de vice diretora da escola Íris Célia Cabanellas Zannini. Foi ainda coordenadora substituta do Núcleo Estadual de Educação. Aposentou-se de suas funções no ano de 2005.
Batizada, crismada e casada na Igreja Católica, Edilea sempre foi uma mulher religiosa e faz parte da membresia da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Considerada uma das pioneiras da educação em Assis Brasil, professora Edilea continua morando na rua Valério Magalhães, bem próximo onde um dia foi o barracão do Seringal Paraguaçu. É avó de quatro netos, três bisnetos e mãe de três filhas, uma delas, Eliane Gadelha, que além de professora também foi a primeira mulher eleita prefeita de Assis Brasil.
Aos 69 anos de idade, professora Edilea se orgulha de ter contribuído para a educação de centenas de crianças e jovens. É, sem dúvida, uma ilustre moradora que foi testemunha ocular da história do município de Assis Brasil.
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Edilea nos dias atuais. |